segunda-feira, 24 de agosto de 2009

glow

e num instante
num quase nada
um fio de luz estourava a escuridão

um resto vivo
um pavio curto


um companheiro à solidão

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Na alegria e na tristeza

Cheguei a desistir.
Cheguei a duvidar que era possivel, um dia, expremer o peito. E, lá do fundo, um suspiro sair. Um suspiro de dor, um suspiro de encanto, um suspiro de amor.
Pois se saco vazio não pára em pé, vazio um coração não bate.
E este aqui no peito já andava lento, le nto, l e n t ooo.

Mas eu pedi, juntei cara e coragem, e com todas as palavras eu disse à quem ouvise.
Sentir a cabeça voar, o corpo tremer, o coração se contorcer.
Na alegria ou na tristeza, subir no altar e pedir seu proprio coração, até que a morte o pare.
Na alegria ou na tristeza, sentir o bom e o ruim, até que alguém os separe.
Na alegria ou na tristeza, ter a certeza, todo dia, de que viver é melhor que se esconder.

Pois não há caminho mais fácil, não há muros que se sustentem para sempre.
E se é preciso escolher para onde ir, que eu faça a escolha por onde eu possa lembrar da minha história.
Escolho ter algo a contar, algo a lembrar e , por mais que algumas vezes possa arder: escolho a MINHA vida para sonhar.
Na alegria ou na tristeza.

Todos os dias de minha vida.

sábado, 16 de maio de 2009

20pm

Chegou cedo em casa.
Bateu os pés no capacho.
Mas não limpou a sujeira da rua.
Impregnada.

Lavou as mãos, tomou atenção ao sabonete.
Limpou os olhos.
Já chorados pelas lágrimas.
Inclinou-se ao espelho e tentou sorrir.
Ato falho.

Lembrou do frio que subia às pernas.
Troco o calção pelo moletom.
Trocou o barulho pelo silêncio.
Trocou a rua pela solidão.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Um engasgo que encanta

Está decidido. É num deixar ser que eu serei. Sem meias palavras, sem tantas desculpas. Que deixe vir as incertezas, os frios que fazem as borboletas. A palavra não vem à mente, é contrária à otimismo e talvez isso, seja lá um bom sinal. Mas não quero sinais. Deixe que eles confundam outras cabeças, pois são especiais, mas encobrem verdades e camuflam certezas.
As certezas, também não as quero. Pois não há complicado que seja esquecido. O fácil enjoa, não dá arrepios.
Ahh, não insistam, não quero interpretar todas as ações, já não preciso entender tudo o que me envolve. Deixar fluir e ser fluída, por aquilo que nem sei bem. Mas que gosto, que insiste em vir em horas improprias e esconder-se nas horas precisas.
Mas eu não preciso de nada disso.
Pois já está decidido.
Serei.

domingo, 19 de abril de 2009

Preguiça masculina, justiça feminina

-Alô, amor, aí em cima da mezinha do telefone tem um envelope amarelo. Achou?
-Carol, você me ligo no trabalho. Não dá nem pra eu procurar.
-Preguiçoso!









.

domingo, 12 de abril de 2009

No sobrado

Ahhh, definitivamente, de todas as suas reflexões, as melhores eram elaboradas no banheiro, logo pela manhã. Qual seria a de hoje?
Ele mora com a mãe, que separou-se de seu pai, ainda na sua infância. Não, o assunto não lhe é penoso. Tanto faz. Sempre foi daquele jeito: os dois no sobrado amarelo, janelas brancas, construído lá.. pelo final dos anos 70. Ah, e tinha o Zé Maria. Que trazia sempre um novo morador pra dentro de casa: uma pulga, um carrapato, um mosquito dentro da boca, uma abelha com o ferrão fincado no focinho. Cada dia um novo hóspede.
Hoje o dia parecia ter um som diferente, o despertador tocou só uma vez.Foi logo ao banheiro, molhou o rosto e se olhou no espelho. Meu nome é Pedro, hoje é 4 de maio, e eu tenho 17 anos. E qual seria a reflexão de hoje?
Bom, nas segundas os pensamentos costumam ser cansativos, piedosos de si mesmo. E hoje não seria diferente de nenhuma outra segunda-feira-dia-de-xingar. Merda de segunda-feira que insiste em dar o ar de sua graça depois do nublado e tedioso domingo, mas conhecido como “Ressaca’s Day”, mas isso já é conversa pra outra semana.
Então, pluft, lá estava a idéia de hoje: não refletir . Tarefa difícil, melhor não.. nada divertida também. Enfim, chegou à conclusão que esta segunda feira em especial, não merecia uma gota de seus pensamentos. Pedro voltou ao quarto, pensou em arrumar a cama , mas já estava atrasado 5 minutos, pois as reflexões de hoje se demoraram de frente pro espelho, e , de manhã, cada minuto conta.
Hoje um jeans e camiseta branca serviam. Mangas longas. Mochila. Caderno, caneca, moleton, celular. Desceu as escadas, meio correndo, meio pulando. Típico. Ah, merda de taco solto. Pedro, olha a boca, logo de manhã! Foi mal mãe...ai, mal aí Zé. Depois de quase levar um rabo peludo junto com o tênis, entrou na cozinha.
Hmmm... Preguiça até de comer.. Droga já sentei. Mãe pega o leite na geladeira pra mim. Ãhn, mãe, agora pega um copo aí no escorredor, ah vai, você já ta de pé... Valeu.
Uns 10 minutos depois , barriga cheia, dentes escovados, Zé alimentado, Pedro abriu a porta do passageiro, depois de abrir o portão. Pedro, sua mochila. Puuutz, já venho. Lá estava ela, esperando silenciosa em cima do sofá. Tudo pronto, chaves, porta. Falô Zé.
Entrou no carro e sua mãe deu partida.
Tá bom Segunda-feira, já acordei, não acordei?! Agora vê se passa logo e sem enchessão de saco.




Merda mãe, o Zé fugiu. De novo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

meio cheio, meio vazio

Era um medo de bater de cara com a chamada realidade.
Se escondia sob pretensas criticas à tudo que queria e não conseguia ser.
Se revelava em dias de santo.
E de santo, nada cabia nesses dias.
Nada cabia em seus copos cheios da vida libertina.
Libertinagem de dias santos.
Queria uma constância.
Mais do que isso.
Que sentido leva a previção seguida de um derrame de emoção?
Queria uma, definitiva, segurança.
Não bastava mais se embebedar.
Não mais bastava se escrachar por calçadas e esquinas sem , por dias, se lembrar.
Queria dividir a liberdade com a rotina.
Mas não queria cair na putaria.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Último par

vem menina
traz teu corpo aqui à pista
tira o sapato, me envolve o corpo
vem dançar mais uma vez

me vire os olhos
me estenda o colo
que teu perfume já confunde os meus passos
vem dançar mais uma vez

me tenta a boca
aproxima as ancas
solta o cabelo e
vem dançar mais uma vez

vem menina, chega perto
me deixa entrar no teu compasso
me joga todo esse descaso
que me inunda de prazer

me traz,menina, a tua dança
que no meu sonho e esperança
já me caso com você


vem menina, vem dançar a última vez.

Leste viagem.

Foi uma semana diferente. Como cada uma estava sendo. A palavra rotina era visita constante em seus pensamentos, porém, distante das suas palavras. Durante toda a semana só músicas ruins vinhamm à memória. Custou à escrever, demorou a pensar, enrolou a língua, desaprendeu a falar. Como era mesmo aquela músic...
TUNTZ TUNTZ TUNTZ (ahhh, denovo não!)
Essa semana não tava boa pra cultura, não tava boa pro estudo... a semana não estava à altura.
Mas quer saber? Tava boa.
Foi bom não saber falar, foi ainda melhor não pensar.
Mas sentiu falta de escrever: rotina.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Matinal da madrugada.

Enjôo fácil.
Me perdoe, não queria ser assim
Ah, acredite, não queria.
Mas enjôo.




E tem vezes que a gente nem sabe por quê.
Doce, meleca.
De resto, tudo azeda.

A água alivia.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Janela Triste

Uma casinha
Janela branca na morro
Eu te espero aqui dentro
Você esqueceu de passar

Pra um chapéu velho
Que me lembrava você
Foi preciso um adeus
Igual roubei de você

Nossos poucos dias
Não servem nem para enredo
Dos contos baratos
Que você escrevia

Janela branca triste
Cortina na poeira
Cazuza toca no rádio
Meu primeiro amor



(foi minha primeira música!)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Carta à La Mancha.

Agora você vem com essa história: de que isso tudo sempre esteve aí, na cara. Verdade, nua e crua, estampada de mentira. Eu sabia que essas seriam suas desculpas, pra fingir que a culpa é minha. Culpou minha angustia, transformand0-a em anciedade. Eu sei, você pensou que era fobia.
Pensei comigo: baixa a bola, olha a prepotência, que você não é tudo isso!
Mas quem sou eu, e o que eu digo? Se para mim, naquele instante o tudo era apenas você. Agora eu admito. Está feliz?
Mas aquilo não foi pressa. Estava ali, uma adolescente admirada dos pés à cabeça! E pra você, em que categoria eu cabia?
Ahh a cadeira do teatro, quão macia era ela quando eu estava ao seu lado. Ahh os teu olhos, na meia escuridão. Aquele dia nem Sancho Pança me tirou a atenção. Você me desviava. Me tirava o rumo da vida. E eu só queria saber das nossas conversas, desfrutar os carinhos em palavras.
Você foi meu címplice. Eu chorei nos teus braços. Os moinhos de vento encantavam a nós dois. Mas eu te relembro, te acuso neste instante: você foi primeiro. Primeiro gostou, se interessou. Correu atrás, perguntou por mim. Fingi não saber. Mas então eu cedi, e com você eu dividi mais do que os meus medos da vida. Dividi meu coração e você o negou. Me afugentou até com as mãos. Virou o rosto. E enquanto eu me sentia Dulceneia, você me fez cair do palco.
E sem pedir biss me disse assim: Você, Aldonza, não é nada para mim.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Tá falado.

Eu vim falar do amor. Esse aí. Sem letras maiúsculas, sem pompa... sem bomba. O amor. Falar daquele que não sinto e que comigo está sentido. Se me esqueci? Ora amor, não pense assim. Eu apenas não te encontro. Já procurei, já esperei, já fingi e imaginei. Mas foi você, amor, que insistiu em se esconder.
Bati à portas, revirei latas, fingi ser lixo e muito mais. Mas nem assim, amor, eu te encontrei. Caí em cima; dei tapa na cara e dei cara à bater. Adiantou? Eu te enfrentei? Pois nem pra brigar vc prestou!
Confesso: idealizei. Mas então sonhei... ah e como me entreguei! Suspirei, olhei só pra frente, dei cambalhotas e, veja só, até cantei. Me estiquei o máximo que pude, e por centìmetros, amor, é que não te toquei.
Desta vez balancei. Me destruí, ofendi, me revoltei! Fechei meu rosto; vesti a máscara do desgosto. Quer saber? Me ferrei. Ela grudou, não quer sair, quissá dançou. E por um triz que eu não sumi.
Agora é assim: um pouco eu ,um pouco márcara. Um todo gelo. Mas não sou nem um pouco amor.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Enfim

A noite foi intensa, agitada. Pesadelos até, eu diria. Uma noite que pareceu durar séculos, mas que só foi dormida por três horas. Amargas estas horas. Mas também especiais, delicadas em sua maneira. Horas de aflição-emoção-cabelos em pé. Em pé? Em pé de guerra todos os nervos. Nervosa? Magina meu bem, tremo ao acaso. Enfim o sono chegou. Atrasado novamente, camarada!
Mas então, ufa, a noite já foi... quantos minutos faltam? Faltam horas. E o meio do dia que insiste em não chegar. F5 F5 F5.... nada. F5 F5 F5, por hoas a fio. Nada. "Mãe, já se passaram 16 minutos da hora marcada, eu vou surtar". Página lenta. Lágrimas nos olhos. Mas já? é... n-nãoo, foi um bocejo.
F5.
Lá está ela. Ahhh página lenta, já disse, vou surtar.

ADRIANA CARDOSO DE ANDRADE

E é com todo o orgulho que hoje eu digo:
PASSEI NO VESTIBULAR!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Clic!

A luz do quarto próximo ascendeu-se. Mais uma vez. É a terceira vez esta noite, mas não me incomoda, entristece. É apenas o medo de dormir no escuro, um breu que assusta a gente, mas quem entende? Tornam a apagar a luz que embala ,nos cegando num repente. É o teu escuro que me entristece ou o meu que me incomoda?É teu choro que me embala ou a luz que me acorda? Não importa, teu suspiro reconforta.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Lençóis

Eu sei, já amanheceu.
Marca seis o ponteiro da hora
(aos minutos não tomo atenção)
Mas pelos que se deu,
fique mais um pouco

Vá até a cozinha
e bota a água pra ferver
Mas espere subir o aroma do café
para sair

E não tranque a porta.
Deixe eu pensar
que talvez você volte.

Aqueles dias

Onde estará o tempo
em que os versos
eram rotina?

O tempo em que
o giz de cera era brinquedo
e a ponta grossa do lápis
não se quebrava?

Naqueles dias
onde tudo se resumia
à risadas nas almofadas
e restos de argila
grudados na camiseta branca.

Onde estará aquela vida
onde tudo era certo
e o certo era sempre
aquela velha certeza?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Rascunho do Sol

Nasce o sol
na cidade triste
em que se afogou,
na tentativa de viver
um pouco mais

A cada esquina que ela passa
sente seu mundo
se afastar um pouco mais

Tentando reerguer a vida
só tem rascunhos dos seus sonhos
no papel

Seu verbo sempre será fugir
pra onde sempre exista um pouco mais

Nasce o sol
na cidade triste em que chegou.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Portuguesinha


Ela me contava, contente com suas memórias e com aquele sotaque português que poucos entendem. Eu a entendo bem. A mulher, que nos últimos anos de sua vida, ainda se desculpa (e certas vezes se envergonha; uma vergonha bonita) das artes e impertinências de sua infância.
Não foi Chapéuzinho Vermelho, muito menos Pedro e o Lobo. Nunca ouvi vovó contar histórias para mim, que não fossem de sua infância, no colégio interno de Lisboa. Vovó não, Vovica era como eu a chamava. Por que parei de chamá-la assim?
Quando pequena, ela vinha sentar-se comigo à mesa e compartilhava suas lembranças com a neta mais nova.“Nos grudávamos no ladrilho da cozinha, as camisolas não cobriam nem metade da coxa. E devagarzinho, com os pezinhos assim ó, assim Adrianinha, a gente entrava na cozinha pra comer cacau escondido.”
Essa lembrança não é antiga. Pois ontem me deu saudades das histórias da vovó e eu fui lá passar uma tarde no chão da sala. No fim da conversa ,ela disse rapidinho, logo se levantando “Ó desculpa a conversa,viu Adrianinha.”.
De pensar que a única desculpa, era a que eu queria achar pra nunca mais sair de perto da Minha Portuguesinha.

Pedrinha

Lancei uma pedrinha no rio.
Diverti-me mais com o som da pedra adentrando a água,
do que com os círculos perfeitos que se formavam.
Passei, então, a tarde toda à beira do rio.
Ora estava agaixada colecionando pedrinhas,
ora jogando-as n'água e rindo do barulinho.
Ploft!

domingo, 11 de janeiro de 2009

À tarde

A torneira está pingando. A cada gota que cai na louça suja do almoço, ela se esforça mais para esquecer. Numa tarde quente, em que o tédio lhe faz companhia, é preciso driblar os pensamentos para não voltar àquela velha insegurança. Suas costas doem, mas nenhum lugar da casa parece menos desagradável que o sofá de dois lugares. Mais um pingo. Na estante, todos os livros se resumem à categoria de auto-ajuda, pelos menos hoje. Os programas na televisão também não ajudam. Tem farelos na colcha velha, mas ela finge não se importar. Os pensamentos voltam e ela os expulsa com uma vontade duvidosa. O som de outro pingo na cozinha. Se ao menos ela pudesse isolar todos seus sentidos, por um minuto se quer. Pingo. Mas ela não pode.Outro. Ela tenta, em vão. Um. Dois. Três pingos seguidos.Ela se levanta. Abre a torneira e toma um copo d’água. Quente. Fecha bem a torneira, cessam os pingos e ela vai pro chuveiro.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

nota

estou no carro.
parada. sentada
esperando você

você passa lá fora
e que cara de pau
finge não ver

eu te espio dia a dia
e a coragem de dizer?
falar por falar
assim não satisfaz

o que me interessa
é impressionar você