quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Gota de choro, por outros olhos

Enxugou com o ombro a lágrima que escorria pelo queixo.
E sorriu, pois de repente achou beleza na própria dor e confusão.
Dramaticamente belos!

Anotou os pensamento e viu que,
no punho canhoto que (enfim!) escrevia,
outra lágrima ainda havia.

E ela, tão pequena, hesitava em escorrer.
Outras vieram para acompanhá-la, mas apenas ela resistiu.
Como se desejasse assistir de camarote as palavras sendo escritas, descrevendo ela mesma.
Sua biografia.

Que plateia discreta.
E nenhum espatáculo.

Uma curta história de vida, pois, se teimosa,
não escorria pela pele, aos poucos foi secando.

Decidida a dar um fim mais poético à lágrima,
que era fruto de sua poesia, foi dar-lhe um beijo para que secasse de uma vez.

Já er tarde.
Sentiu apenas sua umidade salgada repuxar, bem de leve, sua pele.

Minhocas

Então eu peço silêncio.

E peço novamente, mas ela não me escuta.
Teima em continuar trabalhando sem cessar
Trabalhar! Antes fosse!

Falta-me óleo para recompor suas engrenagens velhas
Que de tanto alimentar-se de besteiras, secam.
Bem seca, esturricada
Que não trabalhar mais
Não processa
Não pensa

Mente besta
Cabeça cheia



de lixo.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Real

Ele nota.Mas finge que não.

...

Ou será que não nota?...
Não, não é possível.. ele sabe, ele vê. Não é cego!

...

Bom, mas ele é homem.Bela definição.

...

Ah que irritaçãoDe onde vem a atração por uma coisa tão estúpida?De mim não vem...


...


Ahh vem sim, ai como vem! E ele nem pra notar.Homem é tudo burro!
Puta que...

(suspiro)
(um segundo, bem mais longo)

Merda.
-Vou pegar outra cerveja.