terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Portuguesinha


Ela me contava, contente com suas memórias e com aquele sotaque português que poucos entendem. Eu a entendo bem. A mulher, que nos últimos anos de sua vida, ainda se desculpa (e certas vezes se envergonha; uma vergonha bonita) das artes e impertinências de sua infância.
Não foi Chapéuzinho Vermelho, muito menos Pedro e o Lobo. Nunca ouvi vovó contar histórias para mim, que não fossem de sua infância, no colégio interno de Lisboa. Vovó não, Vovica era como eu a chamava. Por que parei de chamá-la assim?
Quando pequena, ela vinha sentar-se comigo à mesa e compartilhava suas lembranças com a neta mais nova.“Nos grudávamos no ladrilho da cozinha, as camisolas não cobriam nem metade da coxa. E devagarzinho, com os pezinhos assim ó, assim Adrianinha, a gente entrava na cozinha pra comer cacau escondido.”
Essa lembrança não é antiga. Pois ontem me deu saudades das histórias da vovó e eu fui lá passar uma tarde no chão da sala. No fim da conversa ,ela disse rapidinho, logo se levantando “Ó desculpa a conversa,viu Adrianinha.”.
De pensar que a única desculpa, era a que eu queria achar pra nunca mais sair de perto da Minha Portuguesinha.

2 comentários:

  1. Também tenho um portuguesinho na minha vida. Não largo ele por NADA.

    Curti o blog.

    Beijos

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  2. Que coisa mais linda Drica. Li sorrindo aqui, te vi até no chão da sala.

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