terça-feira, 21 de abril de 2009

Um engasgo que encanta

Está decidido. É num deixar ser que eu serei. Sem meias palavras, sem tantas desculpas. Que deixe vir as incertezas, os frios que fazem as borboletas. A palavra não vem à mente, é contrária à otimismo e talvez isso, seja lá um bom sinal. Mas não quero sinais. Deixe que eles confundam outras cabeças, pois são especiais, mas encobrem verdades e camuflam certezas.
As certezas, também não as quero. Pois não há complicado que seja esquecido. O fácil enjoa, não dá arrepios.
Ahh, não insistam, não quero interpretar todas as ações, já não preciso entender tudo o que me envolve. Deixar fluir e ser fluída, por aquilo que nem sei bem. Mas que gosto, que insiste em vir em horas improprias e esconder-se nas horas precisas.
Mas eu não preciso de nada disso.
Pois já está decidido.
Serei.

domingo, 19 de abril de 2009

Preguiça masculina, justiça feminina

-Alô, amor, aí em cima da mezinha do telefone tem um envelope amarelo. Achou?
-Carol, você me ligo no trabalho. Não dá nem pra eu procurar.
-Preguiçoso!









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domingo, 12 de abril de 2009

No sobrado

Ahhh, definitivamente, de todas as suas reflexões, as melhores eram elaboradas no banheiro, logo pela manhã. Qual seria a de hoje?
Ele mora com a mãe, que separou-se de seu pai, ainda na sua infância. Não, o assunto não lhe é penoso. Tanto faz. Sempre foi daquele jeito: os dois no sobrado amarelo, janelas brancas, construído lá.. pelo final dos anos 70. Ah, e tinha o Zé Maria. Que trazia sempre um novo morador pra dentro de casa: uma pulga, um carrapato, um mosquito dentro da boca, uma abelha com o ferrão fincado no focinho. Cada dia um novo hóspede.
Hoje o dia parecia ter um som diferente, o despertador tocou só uma vez.Foi logo ao banheiro, molhou o rosto e se olhou no espelho. Meu nome é Pedro, hoje é 4 de maio, e eu tenho 17 anos. E qual seria a reflexão de hoje?
Bom, nas segundas os pensamentos costumam ser cansativos, piedosos de si mesmo. E hoje não seria diferente de nenhuma outra segunda-feira-dia-de-xingar. Merda de segunda-feira que insiste em dar o ar de sua graça depois do nublado e tedioso domingo, mas conhecido como “Ressaca’s Day”, mas isso já é conversa pra outra semana.
Então, pluft, lá estava a idéia de hoje: não refletir . Tarefa difícil, melhor não.. nada divertida também. Enfim, chegou à conclusão que esta segunda feira em especial, não merecia uma gota de seus pensamentos. Pedro voltou ao quarto, pensou em arrumar a cama , mas já estava atrasado 5 minutos, pois as reflexões de hoje se demoraram de frente pro espelho, e , de manhã, cada minuto conta.
Hoje um jeans e camiseta branca serviam. Mangas longas. Mochila. Caderno, caneca, moleton, celular. Desceu as escadas, meio correndo, meio pulando. Típico. Ah, merda de taco solto. Pedro, olha a boca, logo de manhã! Foi mal mãe...ai, mal aí Zé. Depois de quase levar um rabo peludo junto com o tênis, entrou na cozinha.
Hmmm... Preguiça até de comer.. Droga já sentei. Mãe pega o leite na geladeira pra mim. Ãhn, mãe, agora pega um copo aí no escorredor, ah vai, você já ta de pé... Valeu.
Uns 10 minutos depois , barriga cheia, dentes escovados, Zé alimentado, Pedro abriu a porta do passageiro, depois de abrir o portão. Pedro, sua mochila. Puuutz, já venho. Lá estava ela, esperando silenciosa em cima do sofá. Tudo pronto, chaves, porta. Falô Zé.
Entrou no carro e sua mãe deu partida.
Tá bom Segunda-feira, já acordei, não acordei?! Agora vê se passa logo e sem enchessão de saco.




Merda mãe, o Zé fugiu. De novo.